psikarinasouza@gmail.com

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Quando a Ansiedade se torna um transtorno?

Você já sentiu seu coração disparar sem motivo aparente? Ou ficou horas ruminando um pensamento que parecia impossível de controlar? A ansiedade, quando em excesso, pode nos fazer sentir dessa forma.

 

O que é ansiedade?

A ansiedade funciona como um sinal de alerta, permitindo que o sujeito esteja atento a situações de perigo ou ameaça dentro de sua realidade. Seu papel é preparar o organismo para enfrentar esses cenários de modo a evitar ou minimizar possíveis danos.

Embora seja uma parte essencial do nosso sistema evolutivo para lidar com ameaças, quando ativada em situações benignas, ou seja, sem um real potencial de dano, pode gerar diversos prejuízos, sejam eles na vida pessoal, profissional ou em relacionamentos.

Pessoas com transtorno de ansiedade frequentemente sentem que sua mente opera 24h por dia, sem descanso, mesmo durante o sono ou momentos de lazer. A preocupação constante com o passado e o futuro dificulta a concentração no presente. Além disso, cerca de 70% das pessoas com ansiedade não procuram ajuda profissional.

Fatores de risco para o desenvolvimento do transtorno na vida adulta incluem dificuldades financeiras, insegurança no trabalho, problemas conjugais, fatores relacionados à idade e sexo, além de situações de vulnerabilidade social.

 

Como funciona no cérebro?

Temos em nosso cérebro uma estrutura chamada amígdala que, dentre outras funções, é responsável pelo controle da resposta de luta ou fuga, ou seja, pelas reações que temos diante de uma situação de ameaça. A amígdala detecta, gera e mantém emoções relacionadas ao medo, funcionando de maneira protetiva a partir do momento em que identifica uma potencial ameaça à nossa integridade física ou bem-estar.

Desse modo, o sujeito experimenta alterações físicas, comportamentais e cognitivas (pensamentos) que o impulsionam a agir de maneira a evitar ou enfrentar a ameaça, preparando-se para a defesa ou para a fuga.

 

Quando se torna um problema?

Esse mecanismo pode se tornar patológico quando se manifesta de forma desproporcional, intensa, repetitiva, crônica e incontrolável. A pessoa com esse transtorno tende a apresentar uma percepção aumentada de vulnerabilidade pessoal, ou seja, direciona sua atenção para possíveis perigos internos ou externos que estão além de seu controle ou considera suas estratégias insuficientes para lidar com eles. Isso se relaciona a uma baixa autoeficácia e à expectativa de resultados negativos, o que, por sua vez, intensifica o sentimento de ansiedade.

Algumas distorções cognitivas comuns nos transtornos de ansiedade incluem:

  • Catastrofização: imaginar sempre o pior cenário possível;
  • Leitura mental: acreditar que sabe o que os outros estão pensando e presumir julgamentos negativos;
  • Generalização: tirar conclusões amplas a partir de um único evento negativo.

Nesses casos, a pessoa percebe o ambiente como um lugar ameaçador, repleto de riscos potenciais à sua integridade física, moral ou social, ao mesmo tempo em que se vê como incapaz de mobilizar recursos internos ou externos para enfrentar essas ameaças.

 

Principais tipos de Transtornos de Ansiedade

A ansiedade pode se manifestar de diferentes formas. Entre os transtornos mais comuns, destacam-se:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) – Preocupação excessiva e persistente com diversas áreas da vida, acompanhada de sintomas físicos, como tensão muscular e fadiga;
  • Transtorno do Pânico – Episódios súbitos e intensos de medo extremo, acompanhados de sintomas físicos como taquicardia, falta de ar e sensação de perda de controle;
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – Presença de pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos repetitivos, que visam reduzir a ansiedade, mas acabam gerando sofrimento;
  • Fobias – Medo intenso e irracional de objetos, situações ou animais específicos, levando a um forte desejo de evitar o contato com eles;
  • Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) – Reações emocionais intensas após vivenciar ou testemunhar eventos traumáticos.

 

Como funciona o tratamento?

O tratamento da ansiedade pode envolver diferentes abordagens, uma delas é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). O objetivo da TCC é fortalecer a mediação cognitiva do Córtex Pré-Frontal sobre os impulsos gerados pela amígdala. Isso significa trabalhar a capacidade de avaliar, monitorar e modificar a atividade cognitiva (pensamentos), uma vez que não é a situação em si que gera os sentimentos, mas sim a interpretação que o sujeito faz dela.

A partir da mudança no padrão de pensamento, promovemos a transformação do comportamento diante da situação, reduzindo atitudes compensatórias de fuga ou esquiva. O foco não é a eliminação da ansiedade, mas sim o desenvolvimento de estratégias para administrá-la de forma mais adaptativa.

 

Quando procurar ajuda profissional?

A ansiedade faz parte da vida, mas quando começa a limitar suas atividades diárias, prejudicar seus relacionamentos ou causar sofrimento constante, é hora de buscar ajuda profissional. A psicoterapia pode ser um caminho eficaz para compreender e modificar padrões de pensamento e comportamento que alimentam a ansiedade. O autoconhecimento e o tratamento adequado são elementos fundamentais para retomar o equilíbrio emocional e o bem-estar.

 

REFERÊNCIAS:

https://www.scielo.br/j/rpc/a/t55bGGSRTmSVTgrbWvqnPTk/?format=pdf&lang=pt

https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942017000100010

https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVRxz/

 

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