psikarinasouza@gmail.com

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Envelhecer não é sinônimo de adoecer, vamos entender a diferença?

Estima-se que existam mais de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, segundo dados do IBGE (2022). O envelhecimento populacional, no entanto, depende de uma série de fatores — socioeconômicos, culturais, além da disponibilidade de serviços de saúde e assistência social.

Já pararam para pensar em como vemos tantos idosos diferentes, mesmo em idades parecidas? Isso acontece porque a idade, por si só, não determina a velhice. É um erro compará-la à infância com frases como “o idoso volta a ser criança” ou “isso é normal, porque ele já é velho” — expressões que acabam estigmatizando o sujeito idoso.

Vamos distinguir o envelhecer?

O envelhecimento é um processo, que ocorre desde a concepção até a morte. A velhice é uma fase da vida, e o sujeito que a vivencia é o idoso. Dito isso, precisamos (urgentemente) distinguir senescência de senilidade: senescência é o envelhecimento saudável; senilidade é o envelhecimento patológico. Essa distinção é fundamental para que não reproduzirmos verdades pré-concebidas sobre o “ser velho” (ideias como “é normal esquecer”, “é normal depender da família”, ou “ele voltou a ser criança”).

Precisamos destacar um ponto importante:

Perdas cognitivas não devem ser tratados como comuns ou normais no idoso, mas sim como sinais de que algo está comprometendo sua funcionalidade e precisa ser investigado. Embora existam alterações cognitivas associadas ao envelhecimento, isso não significa perda, e sim mudança.

Por exemplo: a velocidade de processamento pode diminuir, ou seja, a informação está ali, mas leva mais tempo para ser acessada. Isso é bem diferente de um quadro de perda da informação. O mesmo vale para a tomada de decisão, que tende a se basear em conhecimentos anteriores, em vez de novas informações, o que é diferente de alguém que não consegue decidir por comprometimento cognitivo.

Percebem a diferença? Em um caso, falamos sobre alterações naturais do envelhecimento; no outro, sobre perdas que indicam um possível adoecimento.

Por que essa diferença é importante?

Uma vez que tomamos sintomas como esquecimentos, perda na funcionalidade, tristeza ou mudanças comportamentais simplesmente ao fator de idade, corremos o risco de “normalizar” sintomas de adoecimento, atrasamos o diagnóstico (e o tratamento), ou seja, um tempo precioso que poderia ser investido no cuidado com aquele idoso.

Ao compreender essa diferença, nos tornamos mais capazes de identificar sinais que fogem de um envelhecimento saudável. Ou seja: passamos a enxergar sintomas que podem (e devem) ser diagnosticados e tratados, sempre pensando na funcionalidade e na qualidade de vida do idoso.

Nota da autora:

Pessoal, não espero que esse texto sirva para respostas, mas para inquietações. Precisamos urgentemente repensar sobre a velhice, estamos tão acostumados a tomá-la como algo negativo que esquecemos que ela é um processo, uma das nossas fases de vida. É totalmente necessário trazer a tona a discussão sobre o lugar social que colocamos o velho, porque acreditem!! o envelhecer pode ser saudável e esse envelhecer é construído no hoje, por meio do cuidado pessoal e POLÍTICAS PÚBLICAS.

Até a próxima 😉

 

Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo Demográfico 2022: Panorama da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/indicadores.html?localidade=BR&tema=1. Acesso em: 16 jun. 2025.

CECATO, Juliana Francisca; MARTINELLI, José Eduardo. Raciocínio clínico em neuropsicologia geriátrica. 1. ed. Rio de Janeiro: Ampla Editora, 2023. 128 p. ISBN 978‑65‑84793‑16‑3

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